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Carlos Alexandre exige ouvir Costa em tribunal

FASE DE INSTRUÇÃO

Carlos Alexandre exige ouvir Costa em tribunal

DEPOIMENTO Juiz pode invocar artigo do Código de Processo Civil para ‘obrigar’ primeiro-ministro a testemunhar presencialmente PEDIDO Magistrado voltou a questionar Conselho de Estado e deverá tomar uma decisão em breve

DÉBORA CARVALHO/ TÂNIA LARANJO

Carlos Alexandre, o juiz de instrução do processo de Tancos, não aceita que o primeiro-ministro faça o seu depoimento por escrito e pode ráinvocar o Código de Processo Civil para chamar António Costa a tribunal.

O número 5 do artigo 505 do Código de Processo Civil (que também se aplica à jurisdição criminal) estipula que “decidindo o juiz que é necessária a sua presença, é a mesma testemunha notificada para depor”.

Ou seja, mesmo que o ex-ministro da Defesa prescinda do

testemunho do chefe do Governo, o juiz de instrução pode lançar mão daquele artigo do Código de Processo civil. Resta saber qual será a posição do Conselho de Estado, que já tinha autorizado o depoimento por escrito de Costa e voltou a ser questio nado,face à insistência de Carlos Alexandre.

O juiz deverá tomar uma decisão em breve. Na semana passada pediu que o Ministério Público e as restantes defesas se pronunciassem sobre esta ques tão.Numa resposta enviada ao Tribunal Central de Instrução Criminal, a defesa de Azeredo Lopes admite prescindir do testemunho de António Costa, caso o mesmo atrase a instrução ou prejudique a defesa dos outros arguidos.

Na fase de investigação, os procuradores do Ministério Público, Vítor Magalhães e João Valente, pediram ao diretor do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), Albano Pinto, autorização para chamar a depor o Presidente da República e o primeiro-ministro. Essa autorização foi recusada e o CM sabe que no despacho do diretor do DCIAP estão reproduzidas as declarações que o primeiro- -ministro fez sobre o assunto na Comissão Parlamentar de Inquérito de Tancos. NOTÍCIA EXCLUSIVA DA EDIÇÃO EM PAPEL

MONSANTO | SINDICATO DENUNCIA

O Sindicato dos Jornalistas enviou umaa carta ao Ministério da Justiça a queixar-se da falta de condições de trabalho dos repórteres que acompanham o caso de Tancos em Monsanto. “Inexistência de uma sala destinada ao trabalho dos repórteres e até falta de acesso a uma casa de banho”, lê-se.

DEFESA | “ACUSAÇÃO FICCIONADA

Rui Baleizão, advogado do coronel Luís Vieira, considera que a acusação é uma “narrativa ficcionada”, no que ao seu cliente diz respeito. Diz ainda que a atuação do militar foi em nome do “interesse nacional”, porque em causa estavam bens do Exército. “O coronel apresentou a sua versão dos factos”.

INSTRUÇÃO | CONTINUA HOJE

A INSTRUÇÃO DO PROCESSO CONTINUA HOJE COM A INQUIRIÇÃO DE TESTEMUNHAS.

O JUIZ DE INSTRUÇÃO MARCOU DILIGÊNCIAS ATÉ MEADOS DE FEVEREIRO.

CASO | AZEREDO É UM DOS ACUSADOS

O caso de Tancos envolve 23 acusados, incluindo Azeredo Lopes, ex-ministro da Defesa do 1º governo de António Costa e que se demitiu na sequência do caso, o ex-porta-voz da PJM Vasco Brazão e vários militares da GNR, que estão acusados de associação criminosa, denegação de justiça, prevaricação e até falsificação de. documentos.

PORMENORES

Arrependido conta tudo

Paulo Lemos, conhecido por ‘Fechaduras’, terá sido contactado para fazer o assalto a Tancos. Arrependeu-se e contou à Justiça, antes mesmo do furto acontecer.

Furto no verão de 2017

O furto de armamento de guerra divulgado pelo Exército em 29 de junho de 2017, com a indicação de que ocorrera no dia anterior.

Diretor da PJ arrolado

O diretor nacional da PJ, Luís Neves, e o procurador Vítor Magalhães foram arroladas como testemunhas.

l0 mil e telemóvel para ‘Fechaduras’

Luís Vieira disse ontem que Vasco Brazão e Roberto Pinto da Costa, da PJM, lhe disseram que a PJ tinha dado 10 mil euros e um telemóvel ao informador ‘Fechaduras’.

Instrução do caso é em Monsanto

A instrução do processo de Tancos é agora no Tri bunal de Monsanto, após os advogados terem pedido para ter uma sala maior.

São mais de 20 causídicos.

Deu instruções para operação

O coronel Luís Vieira, ex-diretor da Polícia Judiciária Militar (PJM) e arguido do processo de Tancos, assumiu ontem, perante o juiz Carlos Alexandre, que deu instruções par a a recuperação das armas furtadas, desconhecendo a existência de uma encenação montada para as encontrar.

Admitiu ainda que foram feitos contactos com o informador João Paulino, também arguido, mas que desconhecia que era ele o cabecilha do assalto aos paióis nacionais. Luís Vieira alegou que não houve qualquer intenção de encobrir os autores do furto do material de guerra, nem foi celebrado qualquer pacto nesse sentido.

Ao juiz de instrução, o militar deixou claro que não sabia dos pormenores da operação ilegal da PJM para recuperar as armas roubadas. Confirmou também que teve dois encontros com o ex-ministro da Defesa, Azeredo Lopes. Na última reunião, disse-lhe que deveria ser a PJM a liderar a investigação ao furto das armas. O coronel, de 56 anos, foi ouvido durante cerca de seis horas. Chegou a ser detido, mas ficou depois em liberdade. Está acusado de associação criminosa, tráfico e mediação de armas, denegação de justiça e favorecimento pessoal praticado por funcionário.

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Trio na sucessão a Marinho e Pinto no PDR

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Descalabro nas legislativas de Outubro acendeu o forno da crise e levou à saída de cena do fundador. Partido caiu dos quase 61 mil votos de 2015 para 9217

Nuno Ribeiro

No domingo, 5 de Janeiro, começou…

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Justiça deixa destruir provas de praxe fatal

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MAGALI PINTO

O Tribunal Europeu dos Direitos do Homem diz-se “chocado” com a investigação que foi feita no caso dos seis jovens que morreram na praia do Meço, em dezembro de 2013. Quase quatro anos depois, a queixa assinada por José Carlos Campos, pai de Tiago André, teve resultados. O Tribunal Europeu condenou o Estado Português a pagar 13 mil euros a este pai por causa de uma investigação “ineficaz”.

Na decisão são enumeradas seis falhas relacionadas com perícias que não foram realizadas ou que, a terem sido feitas, foram tardias. Refere o Tribunal que “a casa onde as vítimas estavam podia ter sido protegida e ter tido o acesso barrado a todas as pessoas não relacionadas com a investigação”. E acrescenta: “As roupas usadas por João Miguel Gouveia [único sobrevivente] na noite da tragédia e o seu computador poderiam ter sido apreendidos imediatamente e sujeitos a exames forenses. Não foram apreendidos até março de 2014”. Na realidade, o Tribunal Europeu concluiu que “a investigação não começou a sério até ter sido assumida pelo Ministério Público de Almada, mais de um mês depois dos acontecimentos”. O Tribunal fala ainda da urgência de uma reconstituição imediata, o que também não aconteceu (ver texto secundário).

Os pais ganharam um novo alento com este acórdão. “É uma decisão que nos dá força porque o Tribunal Europeu nos deu razão. Nós sabíamos que a investigação não tinha sido bem feita. Temos ainda processos cíveis contra João Miguel Gouveia que estão parados há três anos”, disse ao CM José Carlos Campos.

Já Fernanda Cristóvão, mãe de Catarina Soares, diz que esta vitória é de todos os pais. “Nós sempre lutámos, as provas foram contaminadas. É uma batalha ganha.” O marido, António Soares, quer que o sobrevivente fale com eles, o que ainda não aconteceu desde 2013. “Foi a última pessoa que ouviu a minha filha viva. Para mim isso é muito importante” .concluiu.

Já Fátima Negrão, mãe de Pe droNegrão, julga que esta decisão pode dar seguimento aos processos cíveis. “Este processo começa devido ao silêncio da única pessoa que pode dizer o que realmente aconteceu naquela noite de 15 de dezembro de 2013.” Os seis jovens eram finalistas da Universidade Lusófona e faziam parte da Comis sãode Praxes Académicas. Foram arrastados por uma onda na praia do Meço. João Gouveia, o ‘Dux’, sobreviveu.

PORMENORES

Limpeza a 9 de janeiro

A casa de Aiana de Cima, no concelho de Sesimbra e que os estudantes tinham arrendado, foi limpa no dia 9 de janeiro de 2014, quase um mês depois de os seis jovens terem morrido afogados na praia do Meco.

Crime contra a vida

Relativamente à queixa sobre o vazio legal em relação às atividade de praxe, o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem concluiu que a “legislação portuguesa atual é suficiente para enquadrar crimes praticados contra a vida”.

Estado pondera recorrer

O Ministério da Justiça admite avançar com um recurso, apontando fragilidades à condenação. “Embora o Estado não tenha sido condenado na vertente substantiva da queixa, mas apenas na vertente processual, afigura-se contudo que as deficiências apontadas não foram devidamente enquadradas no conjunto geral de toda a investigação realizada.”

EXAMES NÃO FORAM FEITOS IMEDIATAMENTE

O Tribunal Europeu refere que “os itens na casa e na praia do Meço tinham informação importante e sensível”. Familiares do sobrevivente estiveram na casa arrendada pelos estudantes.

Sobrevivente arrisca pagar 900 mil euros

Em 2016, os pais das vítimas da tragédia do Meço avançaram com ações cíveis contra o único sobrevivente e a Universidade Lusófona no valor de 150 mil euros por cada vítima. Arrisca-se a pagar 900 mil euros no total se for condenado.

Reconstituição feita dois meses depois

PRAIA João Miguel Gouveia participou nas diligências. CM captou as imagens em exclusivo

Uma das falhas apontadas pelo Tribunal Europeu dos Direitos do Homem prende-se com a reconstituição dos factos.

Diz o acórdão que “podia ter sido feita uma reconstituição dos acontecimentos na praia com o envolvimento de João Gouveia assim que possível após os acontecimentos. Porém tal não aconteceu até 14 de fevereiro de 2014”.

O CM captou em exclusivo imagens na reconstituição que contou com a presença do sobrevivente da tragédia do Meco. O tribunal não percebe ainda como não foram tomadas notas das declarações dos intervenientes. “Não houve nenhuma explicação para o facto de as autoridades não terem imediatamente tomado nota de declarações testemunhais de pessoas presentes nas proximidades, incluindo os vizinhos e as pessoas responsáveis da casa onde os jovens ficaram alojados. Estas pessoas não prestaram declarações até aos dias 8 e 10 de fevereiro de 2014, ou seja, um mês e meio depois”.

Papa Francisco recebe famílias no Vaticano

Em junho de 2015, os pais das vítimas do Meço foram recebidos pelo Papa Francisco no Vaticano. O Sumo Pontífice disse que ia rezar pelas famílias.

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Desafios difíceis

DIREITO A FUNDO

Desafios difíceis

António Jaime Martins

ADVOGADO

Tomaram ontem posse os órgãos nacionais da Ordem dos Advogados eleitos para o triénio 2020-22. A O. A. tem desempenhado desde a sua criação em 1926 um papel insubstituível na …

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Uma condenação óbvia

POR OUTRO LADO

Uma condenação óbvia

Seis anos depois da tragédia do Meco, onde morreram seis estudantes apanhados por uma onda durante uma negligente praxe noturna, o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem (TEDH) deu razão às famílias das vítimas…

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Bastonário quer aumentos

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Advogados O novo bastonário da Ordem dos Advogados (OA), Luís Menezes Leitão, considerou, ontem, "imprescindível que as condições remuneratórias" dos defensores oficiosos sejam melhoradas e defendeu uma redução das…

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e aumentos para oficiosos

EXIGÊNCIAS DO NOVO BASTONÁRIO DOS ADVOGADOS
e aumentos para oficiosos

DEFENSORES Luís Menezes Leitão quer que o Estado reveja a tabela de remunerações dos oficiosos

CRÍTICA "Sistema de justiça só está acessível aos muito ricos e aos indigen…

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