Maus sinais
Notícias vindas a público dão conta de alguma crispação no seio do Ministério Público, situação que pela natureza das questões que suscitam a controvérsia – independência e isenção, expressões e princípios muito presentes no discurso daquela magistratura – não pode ser vista como dizendo respeito apenas àquela magistratura, antes deve preocupar todos pela posição nuclear que ocupa na Justiça portuguesa.
Primeiro foi o infeliz episódio da intervenção hierárquica, impedindo que os magistrados que dirigiam uma investigação levassem a termo diligências que, em
seu entender, se revelavam pertinentes para cabal esclarecimento dos factos, revelador de um apequenamento e subserviência que se julgava já definitivamente ultrapassada.
Agora e no mesmo departamento – o DCJAP onde se investigam os processos mais complexos e melindrosos surgemacusações de favoritismo e falta de transparência num concurso /movimento de colocação de magistrados, afirmando-se mesmo e de forma expressa que ali “agradar ao ‘chefe’ é mais impor tanteque a competência profissional e onde as regras que pautam um concurso público normal são uma miragem!”.
Maus sinais e questões que obviamente preocupam qualquer cidadão quanto à confiança que tal departamento garante.