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Maus sinais

Maus sinais

Notícias vindas a público dão conta de alguma crispação no seio do Ministério Público, situação que pela natureza das questões que suscitam a controvérsia – independência e isenção, expressões e princípios muito presentes no discurso daquela magistratura – não pode ser vista como dizendo respeito apenas àquela magistratura, antes deve preocupar todos pela posição nuclear que ocupa na Justiça portuguesa.

Primeiro foi o infeliz episódio da intervenção hierárquica, impedindo que os magistrados que dirigiam uma investigação levassem a termo diligências que, em

seu entender, se revelavam pertinentes para cabal esclarecimento dos factos, revelador de um apequenamento e subserviência que se julgava já definitivamente ultrapassada.

Agora e no mesmo departamento – o DCJAP onde se investigam os processos mais complexos e melindrosos surgemacusações de favoritismo e falta de transparência num concurso /movimento de colocação de magistrados, afirmando-se mesmo e de forma expressa que ali “agradar ao ‘chefe’ é mais impor tanteque a competência profissional e onde as regras que pautam um concurso público normal são uma miragem!”.

Maus sinais e questões que obviamente preocupam qualquer cidadão quanto à confiança que tal departamento garante.

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“Eu não pedi ajuda, foi ele que se ofereceu”

EXPLICAÇÕES DADAS AO JUIZ DE INSTRUÇÃO

“Eu não pedi ajuda, foi ele que se ofereceu”

EXCLUSIVO CM – José Sócrates contou ao juiz que Santos Silva “tinha na cabeça” emprestar-lhe até 500 mil euros

Durante vinte horas, reiterou que o empresário de Leiria agiu para o ajudar e que nunca quis, ou pediu, algo em

DÉBORA CARVALHO / TÂNIA LARANJO

José Sócrates garante que foi o amigo Carlos Santos Silva quem se ofereceu, a partir de 2013, para lhe pagar as contas. “Eu não aceitei ser ajudado ou pedi ajuda. Foi ele que se ofereceu para isso. Eu não aceitei ser ajudado por um empresário, eu aceitei ser ajudado por um amigo”, afirmou o antigo primeiro-ministro ao juiz Ivo Rosa, na instrução do processo da Operação Marquês.

Durante as mais de 20 horas de interrogatório, o juiz confrontou-o com as expressões que terá usado ao telefone para pedir dinheiro, como “dossiês”, “livros”, “fotocópias”, “documentos” e “aquela coisa”. O Ministério Público considera que não se tratam de empréstimos e que o dinheiro pertence

fia realidade ao antigo governante. “Senhor juiz, honestamente, não posso dizer nem uma coisa, nem outra. Mas, genericamente, isso não é verdade, que me estivesse a referir a dinheiro. Eu nunca tive medo de pedir ao Carlos, mesmo ao telefone”, garantiu Sócrates, que, logo de seguida, disparou: “Senhor juiz, nunca combinei com o Carlos Santos Silva nenhum código.”

No quarto dia de interrogatório, o antigo primeiro-ministro reiterou que, depois de sair do governo – em que ‘só’ ganhava cinco mil euros – tinha “despesas avultadas”, por viver entre Paris e Lisboa. Por isso, o ordenado de 12 500 euros da farmacêutica Octapharma não chegava. “Quando precisava, dizia-lhe: ‘preciso de tanto’. O Carlos Santos Silva entregava- -me em numerário. Ia a minha casa. Entregava-me quatro mil euros, dois mil ou cinco mil euros. O que eu precisasse.” Entiretanto, o salário duplicou mas, ainda assim, os 25 mil euros eram insuficientes. Ivo Rosa questionou-o sobre como sabia que o amigo lhe podia emprestar tanto dinheiro. Sócrates justificou: “Certamente o Carlos tinha um valor até onde podia ir”, afirmou. O magistrado voltou a insistir. “Acho que ele tinha na sua cabeça emprestar-me até 500 mil. Mas eu acho que nunca falei com ele sobre o montante “, justificou Sócrates.

Ganhava 5 mil e gastava 30 mil

O juiz perguntou a Sócrates se gastou 40 mil euros nas férias em 2009, quando ganhava cinco mil euros. “Talvez não tenha sido tanto, pode ter sido 30 mil. Mas a minha mãe sempre me deu dinheiro para as férias. Se não tivesse a mãe que tenho, não poderia ser assim.”

EXPLICAÇÃO | SALÁRIO DO MOTORISTA

Combinámos um pagamento mensal. E depois ele [João Perna] disse-me que tinha várias dificuldades financeiras e precisava de fazer pagamentos por causa dos filhos. E eu acabei por concordar em pagar- -Ihe todo o ano, logo no início. Mas fiz isso para o ajudar”, disse Sócrates.

DIVIDA | DIZ QUE JÁ COMEÇOU A PAGAR

Embora em 2013 eu já devesse ao Carlos algumas importâncias, ele tinha-me emprestado 7500 euros há muitos anos. Eu já tinha tentado fazer contas com ele”, afirmou Sócrates, que garantiu ao juiz Ivo Rosa que, apesar de não ter nenhum comprovativo da dívida, já começou a pagar ao amigo.

SANTOS SILVA – OUVIDO DIA 27

CARLOS SANTOS SILVA É INTERROGADO NO DIA 27. O MAGISTRADO VAI CONFRONTAR O EMPRESÁRIO COM OS ALEGADOS EMPRÉSTIMOS AO ANTIGO GOVERNANTE.

SOLUÇÃO | QUERIA HIPOTECAR A CASA

Quando pensava em hipotecar a sua casa [na rua Braamcamp], o valor que tinha em mente era cerca de 250 mil euros?”, questionou o juiz. Sócrates respondeu assim: “Sim. Pensei em hipotecar a minha casa para ter esse dinheiro disponível. E foi isso que o Carlos impediu. ‘Não te preocupes. Eu posso-te emprestar'”.

Heranças cercam família de Sócrates

FORTUNA – Sofia Fava e Manuel Costa Reis também estavam à espera de receber dinheiro AMIGO – Santos Silva foi avalista, avançou com quantia para comprar a quinta do Alentejo, mas ex-governante não sabia

TÂNIA LARANJO/DÉBORA CARVALHO

A herança é transversal no mundo dos Pinto de Sousa. Primeiro, foi José Sócrates quem herdou do avô cinco milhões de euros, que estavam guardados num cofre.

Agora, é Sofia Fava e o seu marido, Manuel Costa Reis, que também iam comprar a Quinta das Margaridas, no Alentejo, com dinheiro herdado – mas mesmo assim precisaram de um aval, em dinheiro vivo de Santos Silva (750 mil euros). “A única coisa que sabia é que quer a Sofia, quer o Manuel, estavam a tratar das heranças. O Manuel tinha uma herança do pai que pretendia resolver em tribunal, porque tinha um grande litígio cornos irmãos. E ouvi dizer que ele tinha uma quinta enorme “, disse José Sócrates ao juiz, falando depois de um prédio que Fava herdara do ex-marido, além da herança do pai.

O ex-primeiro ministro contou ainda no interrogatório, que o CM agora lhe revela em exclusivo, que soube que a ajuda do amigo se estendeu também à sua ex-mulher. “Mais tarde disseram-me que tinham pedido ao Carlos Santos Silva para ser avalista porque naquela altura era muito difícil conceder crédito bancário. .(…) Foi no quadro da sua amizade e na sua relação profissional”, revelou.

CONVERSAS | EXPLICAÇÃO

“AS NOSSAS CONVERSAS ERAM CONVERSAS QUE TÊM DE SER ENTENDIDAS NO QUADRO DE UM EX-MARIDO A FALAR COM A EX- -MULHER E COM O SEU COMPANHEIRO”, DIZ SÓCRATES.

JUIZ – DIZ QUE NÃO SABE

Sócrates respondeu “não sei” à pergunta: “E sabe se o arguido Carlos Santos Silva teve alguma intervenção direta na ordem do banco, de agilizar a ultrapassar estas dificuldades?”, perguntou o juiz Ivo Rosa, ao quarto dia de interrogatório.

QUEIXA-SE PERSEGUIÇÃO

SÓCRATES QUEIXOU-SE DE . PERSEGUIÇÃO QUANDO TEVE DE RESPONDER SOBRE O MONTE DAS MARGARIDAS E VOLTOU A FALAR DA CABALA QUE O MINISTÉRIO PÚBLICO MONTOU

ACUSAÇÃO | PAGAMENTO DO MONTE

“O que se diz na acusação é que este imóvel é seu porque os pagamentos das prestações, que foram regularmente feitos, seriam uma forma de passar dinheiro da esfera do Carlos Santos Silva para a sua área de influência. Neste caso, não para si mas para pessoas relacionadas consigo”, disse o juiz.

DINHEIRO | PEDIDOS

“SE A SOFIA ME PEDIU DINHEIRO PARA COISAS QUE PRECISAVA, NÃO DIGO QUE ELA NÃO O TIVESSE FEITO E ELA FAZIA-O FREQUENTEMENTE”, DISSE AINDA JOSÉ SÓCRATES.

DESPESAS | AJUDAVA A PAGAR

Sócrates diz que a ex-mulher tinha dinheiro, mas depois garante que também lhe pagava despesas. “Não tenho memória que ela tivesse pedido ajuda. Ela quando precisava de ajuda dizia-me e eu transferia-lhe… dava-lhe ou transferia-lhe dinheiro para a educação dos meus filhos. Quando ela precisava para isso.”

SUBORNOS

José Sócrates está acusado de ter recebido luvas de 34 milhões de euros.

FAVA JÁ FOI OUVIDA

Sofia Fava responde por branqueamento. Já foi interrogada pelo juiz Ivo Rosa.

SÃO 28 ACUSADOS

O Ministério Público acusou 28 arguidos, entre os quais Ricardo Salgado e Vara.

DEBATE INSTRUTÓRIO

O juiz Ivo Rosa já marcou o debate instrutório para o final de janeiro do próximo ano.

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