Procuradoria angolana desconhece paradeiro de Isabel dos Santos
Empresária fez uma visita-relâmpago a Portugal no final de janeiro. Tribunal provincial quer arrestar participações
luanda leaks As autoridades judiciais angolanas desconhecem o paradeiro atual de Isabel dos Santos, a empresária que está no centro de uma investigação por desvios de fundos públicos do país que foi presidido durante décadas pelo seu pai, José Eduardo dos Santos. O Tribunal Provincial de Luanda (TPL), que solicitou o congelamento das contas bancárias da empresária em Portugal, via cooperação internacional com o Ministério Público português, também decretou o arresto de participações que a empresária detém em várias empresas.
Foi a Procuradoria-Geral da República de Angola (PGRA) que, ontem à noite, adiantou ao JN desconhecer o paradeiro de Isabel dos Santos. “Não sabemos onde se encontra neste momento, se está na Europa ou outra parte do Mundo”, adiantou Álvaro João, assessor da PGRA. A empresária fez uma visita-relâmpago a Portugal no final de janeiro e desde então não se sabe onde está.
O mesmo responsável explicou que o TPL solicitou o arresto de todas as participações de Isabel dos Santos e do seu marido, Sindika Dokolo, em quase todas as empresas em que o casal está envolvido, entre elas os bancos BFA e BIC, a empresa de telecomunicações Unitel, Cimangola, Sodiba e Zap, entre outras.
No entanto, o assessor da PRGA não soube garantir ao JN se da carta rogatória enviada para as autoridades portuguesas consta o arresto das participações de Isabel dos Santos em firmas sediadas em Portugal. Confirmado está o congelamento de cerca de três dezenas de contas bancárias da empresária em Portugal pela justiça portuguesa, a pedido pelas autoridades angolanas. O Supremo Tribunal de Justiça de Angola, que enviou o pedido a Portugal, estima em dois mil milhões de euros o valor dos bens e participações de Isabel dos Santos obtidos com prejuízo do Estado angolano.
Falhas de supervisão
A bancada socialista no Parlamento Europeu admitiu ontem falhas na supervisão bancária em Portugal relativamente ao caso da empresária Isabel dos Santos e defendeu celeridade na atuação.
Tolerância zero
A Comissão Europeia defendeu “tolerância zero para dinheiro sujo” na União Europeia, na sequência do caso ‘Luanda Leaks’, admitindo também um “problema de não aplicação das regras” de supervisão.
Branqueamento
A mesma Comissão instou Portugal e sete outros estados a transporem a legislação europeia em matéria de combate ao branqueamento de capitais.