Dois mil estrangeiros por dia pedem para ficar em Portugal
Disparam estrangeiros que pedem visto para residir em Portugal
SEF renovou quase 54 mil autorizações de residência até julho deste ano.
Atendidas por dia duas mil pessoas. Abertas 11 m…
Dois mil estrangeiros por dia pedem para ficar em Portugal
Disparam estrangeiros que pedem visto para residir em Portugal
SEF renovou quase 54 mil autorizações de residência até julho deste ano.
Atendidas por dia duas mil pessoas. Abertas 11 m…
“Não seria ajustado chamar caso das golas à campanha eleitoral”
OCTÁVIO RIBEIRO/DIANA RAMOS
Recusa usar a demissão do secretário de Estado da Administração Interna, por suspeitas de participação económica em negócio, na campanha.
O líder do PSD diz também que cabe à oposição colaborar com o Governo e que o partido não percebeu isso.
– Não comentou o Caso das Golas e limitou-se a criticar os jornalistas e defender o segredo de justiça. Porquê?
Rui Rio- Não comentei nem vou comentar porque, estando na Justiça, a Justiça trata disso.
‘E por termos eleições à porta menos ajustado seria estar a chamar um caso desses à campanha. E não ataquei jornalistas nenhuns. O jornalismo de investigação nada tem a ver com o que disse: o jornalista tem determinadas provas e publica. É ele que está a criar o caso.
Quando um caso já não está em segredo de justiça e há uma acusação, então também pode pôr tudo cá para fora. Um caso em investigação que não está em segredo de justiça também.
Se está em segredo, para não haver julgamento em praça pública e destruição de prova, a publicação deve ser proibida.
– Havia buscas no MAI, ao presidente da Proteção Civil, demitiu-se um secretário de Estado: como se explicava isto ao povo sem dar a notícia do que se passou? O povo é quem vota.
– O povo vota e vota bem, mas não julga nos tribunais. Os julgamentos e as sentenças devem ser dados nos tribunais.
– Um secretário de Estado demite-se e não comenta?
– Não comento pela situação em que estamos, de campanha eleitoral. Está na Justiça e não me quero aproveitar disso.
– A sua visão da Justiça é a mais intrincada para o cidadão mé dio.Porque defende uma aumento maior para os professo rese critica o dos magistrados?
– Eu não defendo jumento dos professores…
– O PSD esteve envolvido na negociação [com a esquerda]…
– Não era um aumento. O que está em causa nos professores é que tiveram o tempo congelado. Uma vez descongelado, disseram que queriam que fosse reconhecido. O que BE e PCP dizem é “paguem lá tudo”. Nós, CDS, e PS dizemos que não há dinheiro para tudo. A nossa diferença face ao PS é que ele diz que “em vez de 9 anos tomem lá
dois “. E digo que os 7 anos que faltam têm de ser negociados: pode uma parte pequena ser em acerto salarial e o resto negociado com antecipação da reforma e redução de horário.
– O PSD não acordou com a esquerda naquela comissão…
– Nada.
– António Costa fez fita?
– Fez fita e de que tamanho…
Nunca foi repórter parlamentar, mas o que se vota naquelas comissões é artigo a artigo.
– O PSD não fechou um documento final?
– Não, fecha é o documento para ir a votação em plenário…
– Onde raramente as votações são alteradas…. Há até uma foto que parece a ‘Última Ceia’.
– Nessa foto nem ninguém sabe o que eles estão a tratar. Alguma vez me passou pela cabeça pôr em causa as Finanças?
– É por isso que é contra o aumento dos magistrados?
– Aí, é outra coisa. Antigamente, os salários dos magistrados andavam em linha com os dos oficiais generais das Forças Armadas e com os catedráticos.
Nos últimos anos foram descolando e eu acho isso mal. Os magistrados descolaram demasiado. E o que digo em relação aos professores é que se um deles atinge o topo e tiver um filho juiz estagiário no primeiro dia de trabalho estará a ganhar mais do que o pai ou a mãe.
– Quando chegou ao cargo usou o chavão do banho de ética. Os partidos são passíveis de banhos de ética?
– Os partidos foram fundados, o tempo foi passando e foram- -se enquistando e absorvendo vícios e pessoas que não interessam. Chega a dada altura em que é preciso fazer reformas profundas. Acho que o dever de todos os que são dirigentes de topo é recuperar a ética.
– E o que fez no seu PSD?
– Mudei o regulamento interno para proibir que quem tem mais dinheiro, numa eleição, pague quotas dos militantes.
Mudei o sistema informático.
Mas não se muda um partido num ano ou dois. Vai-se mudando, porque eu não sou um revolucionário, sou reformista.
– A relação de cordialidade com António Costa dificultou-lhe a tarefa de líder da oposição?
– Obviamente que se detestar uma pessoa é-me mais fácil começar ao gritos. Aqui nem se coloca essa questão. O que eu tinha na minha cabeça, e acho que é o que é honesto, era durante o ano de 2018, como líder da oposição, colaborar com o Governo que está em funções, não estar permanentemente a criticar e a deitar abaixo. Chegados a 2019, é o momento de começar a marcar as diferenças. As pessoas percebem a minha disponibilidade para participar em reformas. Em 2020, voltamos ao princípio: não há eleições e um estará no Governo, outro na oposição. Seja quem for, a obrigação da oposição é colaborar. É assim que eu vejo a política.
– As sondagens parecem mostrar que as pessoas não percebem.
– O cidadão entende se o deixarem entender. Se em 2018 eu tento participar em soluções para o País e tenho o partido a deturpar e a fazer ruído, dizendo que eu quero ser vice-primeiro-ministro e um bloco central, o cidadão olha e diz que aquilo é uma confusão.
“Baixar o IVA da elétricidade e do gás dos 23% para os 6%”
– O que criticaria mais na política de António Costa?
– Eu prefiro, em vez de criticar as situações concretas, criticar o rumo do Governo. O que os portugueses querem é, em primeiro lugar, melhores empregos e melhores salários e a estratégia do Governo aí é zero, foi apenas de distribuição e não de criação de riqueza. A forma como estamos hoje é como estávamos há quatro anos.
– As pessoas sentem mais dinheiro no bolso, o que é mais difícil para a oposição…
– O que eu posso garantir é que o que foi feito em quatro anos em nada garante a melhoria da qualidade de vida das pessoas no futuro.
– E qual a estratégia do PSD?
– É pela margem orçamental que crescimento económico nos vai potenciar nos próximos quatro anos: 25% será para redução de impostos, um quarto para investimento público e o resto para despesa. Metade da redução de impostos é para as empresas e a outra metade é para o presente: vamos reduzir um pouco o IRS e vamos reduzir de 23% para 6% o IVA da eletricidade e gás. Essa medida custa ao Orçamento do Estado 500 milhões por ano. E reduzi mosa taxa mais baixa de IML
– Não abate a dívida?
– Parte do valor reservado para a despesa é para abater a dívida.
– Está a contar com um crescimento que não se sabe se de facto acontecerá. As previsões apontam para um abrandamento…
– Bem, aí aquela máxima do João Pinto, que jogava no FC Porto, é perfeita. Previsões só no fim do jogo. Qualquer previsão de qualquer partido assenta em previsões e as que temos emanam do Conselho de Finanças Públicas, que é completamente isento. Pegámos nesse quadro e fizemos pequenos ajustamentos às nossas políticas económicas.
Mexer nos PDM para aumentar espaços verdes
O líder do PSD diz ser necessário fazer alterações nos Planos Diretores Municipais (PDM) das cidades para impor mais espaços verdes. Na área do Ambiente, Rui Rio defende ainda a imposição de regras nos investimentos industriais e agrícolas e na construção civil, para que se reduza a emissão de CO2.
RISCO DA MAIORIA DE DOIS TERÇOS NA AR
Rio explicou que o aviso do CDS sobre a maioria de 2/3 à esquerda se refere ao perigo do eleitorado de centro votar PS para travar BE e PCP, tendo efeito contrário.
76 DEPUTADOS DEIXAM PSD E CDS NO LIMIAR
O Parlamento tem 230 deputados, o que significa que se o PSD e o CDS só elegerem, em conjunto, 76 deputados, entregam um poder quase absoluto à esquerda.
Parlamento envia ao MP nomes de bancários que aprovaram créditos ruinosos
Teresa Leal Coelho entrega à Justiça lista de gestores e gerentes até à terceira linha ? “Imparidades no Novo Banco preocupam-me muito”, diz ? Ex-gestores da CGD avaliam ação contra EY. ? P3, 10 e 11
ENTREVISTA TERESA LEAL COELHO presidente da Comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa
“Já sabemos tudo sobre os créditos ruinosos”
Presidente da COFMA entregou nesta quinta-feira ao Ministério Público um relatório detalhado sobre processos de decisão dos créditos ruinosos concedidos pelos bancos. “Está lá tudo”, diz a deputada.
JOÃO PALMA FERREIRA
A despedida de Teresa Leal Coelho como presidente da Comissão Parlamentar de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa (COFMA) fica marcada pela entrega ao Ministério Público da extensa documentação sobre as dívidas bancárias – onde além dos grandes devedores, está todo o processo interno dos bancos relativo à aprovação dos créditos concedidos. Deputada do PSD defende que a situação dos devedores está ao abrigo do segredo bancário e de Justiça, mas a listagem dos quadros e técnicos bancários, que analisaram as condições de atribuição de créditos e as respetivas garantias, não está sob segredo bancário, defendeu em entrevista ao Jornal Económico.
Qual é o grau de detalhe que a informação “reservada” tem sobre as grandes dívidas?
O relatório é de tal forma exaustivo que considero que é uma enorme vitória, mais um passo em frente da COFMA na transparência pretendida para a banca. O relatório que nos foi entregue pelo Banco de Portugal (BdP) é extraordinariamente exaustivo. E tem que ser analisado ponto por ponto. Muita da matéria do relatório não está sob nenhum segredo.
Temos que preservar o segredo de supervisão e o segredo bancário, tal como está estabelecido na lei. Porém, há muitos elementos que constam do relatório, mas que não estão sob nenhum dos segredos. Dou o exemplo da lista de grandes devedores.
Com a lei atual não podemos revelar os grandes devedores. O âmbito e o alcance do segredo bancário pode ser modificado para tentar aprofundar cada vez mais a transparência e o escrutínio no que diz respeito aos devedores, embora tenhamos que fazer sempre o contrapeso entre os interesses públicos e os particulares. As pessoas também têm de ter garantia da preservação de alguns dados da sua vida privada. Esta semana entrego o relatório ao Ministério Público, juntamente com um ‘memo’ da presidente da COFMA que explica o que está dentro do segredo bancário e de justiça e o que não é abrangido por segredo bancário. Já tenho os mecanismos que precisava para garantir a segurança, portanto até ao final desta semana inicio o processo de remissão do relatório para o Ministério Público. Mas a totalidade dos documentos serão entregues na semana seguinte porque é preciso ter a identificação e credenciação das pessoas que vão aceder a este relatório.
Depois disso, nada ficará na mesma?
Julgo que com aquilo que se avançou nos últimos anos – e não falo só nos últimos quatro, apesar de estarmos a fazer o balanço desta COFMA -, nada nunca mais será o mesmo. As pessoas, os contribuintes, os cidadãos, terão cada vez mais necessidade de ter informação sobre a banca.
O regulador acabou por ceder toda a informação à COFMA…
No relatório que recebemos, os elementos estão lá todos. Mas o relatório não é público. É do conhecimento de alguns deputados da COFMA, não de muitos. Quando recebi o relatório do Banco de Portugal a primeira preocupação que tive foi inviabilizar qualquer fuga de informação não identificada. Pedi uma pesquisa sobre softwares que dessem essa garantia e acabamos por adquirir um software israelita que nos deu toda a confiança. Este software nãosófaz com que qualquer saída de documento seja rastreada, como a marca de água fica em toda a documentação. Foi um software quemedeugarantia suficiente. Com este software, quem toca naquilo fica com o seu nome lá. Esta foi a diferença. Mas o número de pessoas que acederam foi mínimo.
A informação é muito detalhada?
Para dar uma ideia, há informações suportadas por mais de 400 páginas de Excel. Isto para dizer o grau de minúcia. Está lá tudo. Tudo. E, mais uma vez, na COFMA, nós precisamos de recursos, de pessoas suficientes para extrair dos documentos obtidos toda a informação relevante, precisamente para habilitar os deputados a fazerem o seu trabalho. Faz- -se a pergunta: os grandes devedores estão lá todos no relatório? Sim, estão lá todos. É a pergunta que mais suscita interesse, relativa aos grandes devedores. No entanto, há outra pergunta que nunca me fizeram até hoje: é se os grandes decisores estão lá todos. E, sim, os grandes decisores estão lá todos. Mas não oiço ninguém perguntar quem são os grandes decisores. Mas se perguntassem, teriam a resposta, porque não está sobre segredo bancário. E bem.
Então quem são os grandes decisores?
Julgo que não será neste momento que vou fazer este tipo de revelações.
Agora, tenho de referir que nenhum grande devedor entrou num banco com uma pistola.
Esses créditos foram autorizados e concedidos com processos e procedimentos legais?
Se são legais ou não são legais, não sei. O relatório vai seguir para o Ministério Público. Eu ainda não remeti o relatório ao Ministério Público e ao Departamento de Supervisão do Banco de Portugal, e não remeti precisamente porque pedi uma adequação do nosso sistema informático, porque quando o Ministério Público ou o Departamento de Supervisão do Banco de Portugal – não sei é que dentro do Banco de Portugal está autorizado a aceder aos dados eceberem o relatório, vão, se houver, temos de ter garantias de segurança da informação nos mesmos termos que os deputados tiverem. Mas já está estudado o mecanismo e até ao final desta semana irei remeter esta informação ao Ministério Público.
Ou seja, a salvaguarda do sigilo que foi garantida ao nível parlamentar, também tem de ser mantida nos organismos para os quais siga o relatório?
Naturalmente. Mas há muita informação que consta na lista do relatório que não está sob segredo de justiça. Por isso digo que terei uma nova conversa onde pretendo explicar o que está em causa nesta informação liberta de segredo de justiça. O que significa que cada deputado, ou cada pessoa que tiver acesso àquela informação, pode divulgá-la, porque, como digo, não está sujeita a nenhuma pena de prisão.
No universo dos grandes decisores estão todas as hierarquias da banca, as primeiras, segundas e terceiras linhas do setor que concederam autorização às operações de crédito que posteriormente entraram em incumprimento?
Estão. Sim. Exaustiva. Por isso é que é tanta a informação. Porque tudo é muito exaustivo, muito minucioso no relatório.
Não será só a informação sobre o total em dívida relativo a determinado cliente bancário, mas todo o processo de autorização dos financiamentos atribuídos, com os nomes dos responsáveis bancários…
Quem decidiu. Seja quem for grande devedor, sabe-se quem decidiu cada parcela de crédito que lhe foi concedida. Quem aprovou as garantias.
Toda essa informação está lá. Portanto, aquele relatório é um relatório que permite muita avaliação.
Nesse processo de concessão de crédito, que terá tramitações não todas iguais de banco para banco, poder-se-á dizer que há casos de concessão de benesses políticas subjacentes aos empréstimos atribuídos?
Os grandes devedores que estão no relatório estão sob segredo bancário.
Quando abrimos um jornal ou quando vamos ao YouTube, ou a um qualquer site, encontramos informação, não digo que seja toda verdadeira, mas há muita coisa que está aí na praça pública e que criou algum alarme público e naturalmente há casos que foram mais mediatizados. A razão pela qual nós defendemos cada vez mais o escrutínio da banca e a transparência é precisamente porque no passado as relações entre alguma banca e o poder político e as empresas, e são sempre os mesmos bancos que fazem negócio com o Estado nos últimos anos – são sempre os mesmos – e fazem negócio com o Estado através das mesmas empresas do Estado – era o caso da PT, e de outras – nos últimos anos efetivamente nós temos informação suficiente sobre isso, nem preciso de estar aqui a elencá-las. Basta dizer isto. São sempre os mesmos bancos que fazem negócios com o Estado e há um conjunto de relações – aliás, há processos judiciais por causa disso e processos que correm há bastante tempo. Infelizmente na anterior legislatura gosto de acentuar isto -, apesar de todo o esforço que fiz no sentido de criminalizar o enriquecimento ilícito, que era um instrumento muito eficiente para o combate à corrupção, isso não foi possível. Espero que no futuro seja retomada essa criminalização do enriquecimento ilícito, mas nós vimos o que se passou em Portugal nos últimos anos e vimos efetivamente que pessoas que não tinham modo de vida adequado, não tinham recursos financeiros adequados ao seu modo de vida, tinham um modo de vida manifestamente acima da média, é evidente que muita coisa pela porta do cavalo se passou nas últimas décadas em Portugal e por isso há processos, há denúncias pelos meios de comunicação social – é ciso é que sejam sustentadas, naturalmente, e há arguidos e até condenados, há processos mais complexos e outros processos que são menos complexos. Mas reafirmo a necessidade de criminalização do enriquecimento ilícito, que é um instrumento muito adequado ao combate. Depois, este mundo da banca, o mundo financeiro, fechou-se muito sobre si próprio. Se olharmos para quem foram os gestores, verificamos que saltaram de banco para banco.
É um clube?
Eu não lhe chamava um clube. Mesmo apesar de quase não terem deixado entrar os elementos femininos…
Um clube masculino…
…hoje as coisas estão a mudar. Tivemos uma vice-governadora do Banco de Portugal. E temos um conjunto de mulheres em lugares de grande relevância. Mas efetivamente era um mundo fechado. Havia alguma opacidade. Nós tínhamos dificuldade em perceber como se faziam os negócios, como essas deliberações eram tomadas e com que garantias. Mas hoje não podemos deixar de concluir que essa era uma prática instalada nalguma banca.
Não quero generalizar: nalguma banca. Por isso referi que houve más práticas em Portugal, como houve más práticas em outros países, entre os quais os Estados Unidos. Agora, nos Estados Unidos julga-se e condena-se em seis meses e em Portugal estamos há cinco anos à espera de um processo. Mas sem dúvida que houve más práticas.
No trabalho da COFMA houve contributos de vários grupos parlamentares e até sinergias entre deputados de áreas políticas muito diferentes.
Como foi possível conjugar tantas divergências?
Todos os grupos parlamentares tinham a mesma vontade. Há matrizes nos grupos parlamentares que são de partidos de Governo. Nós sabemos que a responsabilidade com que trabalham estas matérias tem uma natureza distinta da responsabilidade com que trabalham outros grupos parlamentares. O grupo parlamentar do PSD esteve nos anteriores quatro anos e meio de governação a lidar com a banca, com grande eficiência.
Porque o desmoronar do império do BES resulta de um ‘não’ dito por um primeiro-ministro chamado Pedro Passos Coelho. Terá sido, porventura, o primeiro primeiro-ministro que disse ‘não’ a Ricardo Salgado. Fê- -lo, naturalmente, por razões de seriedade, por razões de rigor, e de responsabilidade, mas teve consequências por causa disso. Foi corajoso nessa posição. Não gosto nada quando se diz a um político que foi corajoso, porque fez o que tinha de ser feito. Não gosto. Detesto. Mas agora disse, porque as pessoas dizem isso, que alguém foi corajoso porque fez o que tinha de fazer. Pedro Passos Coelho fez o que tinha de fazer. E por isso interrompeu o ciclo de opacidade no que diz respeito ao BES.
Lidou com a maior das responsabilidades nesta matéria. É mais fácil a um pequeno partido, que não é tradicionalmente um partido do Governo, exigir posições mais ousadas.
A verdade é que nenhum grupo parlamentar revelou o que quer que seja, que não está sobre segredo bancário, uma informação à qual têm acesso.
Isto para dizer que, embora haja matrizes diferentes em razão da posição relativa de cada um dos grupos parlamentares e partidos na sociedade portuguesa, a vontade de escrutínio e de transparência foi comum a todos. Porque, no setor da banca, a necessidade destas injeções de capital foi extraordinariamente nociva para Portugal.
AUDITORIA PUBLICADA EM DIÁRIO DA REPÚBLICA
“Estou preocupada com as imparidades no Novo Banco”
Teresa Leal Coelho considera necessário aumentar o escrutínio às contas do Novo Banco.
A presidente da COFMA, Teresa Leal Coelho, manifesta-se “muito preocupada” com as imparidades do Novo Banco. Uma das críticas que faz dirige-se à nova auditoria ao banco liderado por António Ramalho, que deixa de fora algumas recomendações do Parlamento sobre o período após a venda à Lone Star. Questionada pelo JE sobre a auditoria pedida pelas Finanças – que não inclui questões como a gestão de imparidades e provisões, a relação entre o Novo Banco e a Lone Star e atuação da Comissão de Acompanhamento e do Fundo Resolução no controlo da gestão do banco -, Teresa Leal Coelho diz avaliar “essa situação com uma enorme preocupação”.
“Acho que se devem pedir contas mais regularmente, inclusivamente a quem faz a supervisão da gestão do Novo Banco”, defende. A deputada doPSDconsideraque”omodelode audições que foi implementado relativamente ao Novo Banco seria adequado se toda a informação estivesse em cima da mesa desde o primeiro dia e designadamente no que diz respeito à questão das imparidades”.
“Entre todas as audições que tivemos ao Novo Banco houve uma referência particularmente preocupante, feita pelo presidente da Ordem dos Contabilistas – que tem por missão fazer o escrutínio daquilo que se passa no Novo Banco. Nessa audição na COFMA, a certa altura afirmou, em tom de brincadeira, ‘até lhes pergunto se não estão aqui a registar imparidades a mais’. Isso é particularmente preocupante”, realça.
A deputada social-democrata justifica que esta “é uma questão particularmente delicada porque o Estado assumiu até 3,9 mil milhões de euros as imparidades com a venda do Novo Banco”. “É uma situação que me preocupa e em relação à qual devemos estar particularmente atentos”, sustenta.
Teresa Leal Coelho realça ainda a contribuição que a COFMA teve no escrutínio às contas da banca, considerando que foi relevante no processo de alteração de mentalidades com que se avalia a atividade do setor financeiro.
“Os próprios gestores da banca não estavam habituados a terminados níveis de escrutínio e transparência ao abrigo de um conjunto de instrumentos de sigilo e segredo, que são necessários. Mas temos que encontrar um equilíbrio com o interesse público”, destacou.
“A COFMA deu passos acentuados no que diz respeito não só à implementação de mecanismos de escrutínio e transparência, que influenciaram também uma alteração de mentalidades junto dos próprios gestores bancários e da filosofia que estava implementada nesse setor”, acrescenta.
Apesar de reconhecer que “houve muito más práticas na banca em Portugal”, estas não foram caso isolado e semelhantes episódios sucederam em outros países europeus. Ainda assim, Teresa Leal Coelho diz que “não diaboliza” o financiamento e as ajudas ao sistema financeiro, “porque efetivamente era preciso salvar a banca em Portugal e há casos de sucesso”.
“A arquitetura do Fundo de Resolução foi pensada para que os contribuintes não injetassem dinheiro nos bancos. Quando falamos de injeção do Estado, que colocou capital na banca, estamos a falar de empréstimos que depois seriam recuperados e a taxas de juro elevadas”, refere.
“Estamos a falar de 23,8 mil milhões de euros de 2007 a 2012, que foram avançados pelo Estado e pelo Tesouro. Deste total, 6,25 mil milhões de euros foram para a Caixa Geral de Depósitos. A grande fatia, 12,6 mil milhões de euros, foi repartida entre o BES, o Banife o BPN. E para o BCP, BPI e BPP foram 4,25 mil milhões de euros, que já foram recuperados”, aponta. AA e JPF
Secretário de Estado demite-se após ser constituído arguido
O secretário de Estado da Proteção Civil, Artur Neves, demitiu-se na quarta- -feira, após ser constituído arguidonoâmbitodeuma investigação do Ministério Público que incide sobre contratos …
Ameaça de processos não anula greve
B O Sindicato Nacional da Guarda Prisional (SNGP) mantém a greve que começa hoje e termina segunda-feira, bem como a vigília de hoje junto ao Ministério da Justiça, em Lisboa, apesar dos Serviços Prisionais classi…
PENSAR DIREITO
Entidade para a Transparência ou entidade para obranqueamento?
JORGE PEREIRA DA SILVA
Como a generalidade dos jornais diários, o Diário da República tem um problema de falta de leitores. De pouco tem valido o formato digital em …
O arguido, juiz de arguidos
É inútil ter juízes independentes que estejam sujeitos hierarquicamente a um órgão constituído maioritariamente por representantes do poder político, que teimam em não alterar a lei porque beneficiam com ela.
Rui Rangel…
CASO DAS GOLAS INFLAMÁVEIS
PJ passa a pente fino os contratos dos fogos
INQUÉRITO Secretário de Estado da Civil é arguido e demite-se depois de buscas
CORRUPÇÃO Contratos celebrados desde estão na mira dos investigadores da PJ
DÉBORA CARVAL…
Corrupção e Segurança Social marcaram o debate na rádio
Os líderes dos seis partidos com assento parlamentar estiveram ontem na rádio para o primeiro debate a seis. Houve pouca economia, saúde e educação, mas falou-se de sistema político, pensões e …
Falemos, então, do caso e-Toupeim
João Miguel Tavares
Nos últimos dias, vários leitores insistiram em perguntar-me pelo caso e-Toupeira, até por eu estar a dedicar tanto tempo ao caso de Rui Rangel. Aquilo que estava subentendido na maior parte d…
Megaoperação leva à queda de secretário de Estado
Golas. Os negócios suspeitos e a investigação que pode não ficar por aqui
Megaoperação desencadeada ontem e que levou à queda do secretário de Estado da Proteção Civil chegou a estar marcada para …
Conhece todos os impostos que é obrigado a pagar?
Os encargos fiscais da classe média avolumam-se, muitas vezes sem contrapartidas visíveis. Os contribuintes de hoje correm o risco de tornar-se os novos proletários de amanhã.
A questão do pagament…