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CORRUPÇÃO NA JUSTIÇA

CORRUPÇÃO NA JUSTIÇA

OPERAÇÃO LEX

FIRME Procuradora chega ao Supremo com uma prioridade: acabar inquérito com urgência e levar a julgamento toda a teia de corrupção e tráfico de influências em torno do juiz

HENRIQUE MACHADO

Dois pesos pesados do Ministério Público carregam desde o início no Supremo Tribunal de Justiça (STJ), àvez, a investigação à teia de corrupção em torno do juiz Rui Rangel suspeitode dezenas de favores judiciais a empresários, em troca de subornos milionários que lhe sustentaram a vida de luxo.

Primeiro foi o procurador Albano Morais Pinto, até que saiu do STJ para a direção do DCIAP, e agora quem assume o processo em mãos é Maria José Morgado, ex – procuradora distrital de Lis boaque chega ao STJ. O objetivo, sabe o CM, é concluir o inquérito com urgência e acusar.

Protegidos pelo estatuto dos juizes, Rui Rangel e a ex-mulher, também desembargadora, Fátima Galante, escaparam há um ano à prisão preventiva quelhes está vedada por lei na fase de inquérito -, mas a acusa çãoé certa nos próximos meses face à prova recolhida pela Uni dadede Combate à Corrupção da PJ. Para eles e, entre outros, para Luís Filipe Vieira, o presidente do Beníica que é arguido por ter traficado influências com o juiz desembargador para resolver um processo fiscal pendente no Tribunal de Sintra. À troca, Rangel tinha prometidos cargos no universo Benfica.

Noutros casos, de corrupção, por se tratar de processos em que o juiz tinha o poder de decisão direta, na Relação de Lisboa, há suspeitas de que quem formulava os acórdãos em determinado sentido, para o ex-marido assinar, era Galante, que trabalhava no mesmo tribunal.

Foi esse o procedimento apanhado na investigação ao acór dãode Rangel, em 2016, quando devolveu 30 imóveis, que estavam arrestados, no valor de 80 milhões de euros, ao empresário Álvaro Sobrinho; e também quando o juiz decidiu num recurso de José Sócrates no caso Marquês acabar com o segredo interno do processo. Foi Galante quem lhe enviou, por email, a fórmula jurídica para tal, como comprovam as perícias da PJ.

De resto, o grande corruptor de Rangel, segundo a investigação, é José Veiga, que ainda não foi mas será constituído arguido (ver caixa) até ao final do inqué rito.Será acusado, assim como aqueles que foram utilitários aos esquemas de corrupção, escondendo a fortuna ilícita do juiz para que este não fosse apanhado – mais de um milhão de euros em dez anos de subornos, segundo a estimativa do processo.

São os casos do advogado Santos Martins e de outra ex mulher de Rangel (ver infografía), que responderão por branqueamento de capitais. Os luxos, sobretudo com casas e carros, foram a perdição do juiz. •

NOTÍCIA EXCLUSIVA DA EDIÇÃO EM PAPEL

Corrompido por José Veiga na corrida ao Benfica para ajudar em casos fiscais

A relação de José Veiga com Rui Rangel, e todo o apoio financeiro que o empresário deu ao juiz na corrida à presidência do Benfica, em 2012, quando concorreu contra Luís Filipe Vieira, teve um interesse extradesportivo, acredita o Ministério Público. Visou pagar favores ao magistrado por intervenções, diretas ou influenciando colegas, em processos que corriam contra Veiga, nomeadamente fiscais.

De resto, Veiga foi apanhado a transferir 300 mil euros para o juiz – através de ‘testas de ferro’ -, de modo a que este o ajudasse a resolver o processo tributário que sobre ele corria decorrente do co nhecidocaso João Pinto.

SOBRINHO | “UMA MÃO-CHEIA DE NADA

Há suspeitas de que o banqueiro Álvaro Sobrinho corrompeu Rangel, por intermédio do advogado João Rodrigues (já arguido), para que o juiz levantasse, em recurso na Relação de Lisboa, um arresto milionário de bens ao angolano. O juiz levantou o arresto e disse que a prova era “uma mão-cheia de nada”.

INVESTIGAÇÃO | SUPREMO E JUDICIÁRIA

O processo corre no Supremo Tribunal de Justiça, uma vez que os dois principais visados são juizes que estavam colocados num tribunal superior – a Relação. E a investigação é feita pela Unidade Nacional de Combate à Corrupção da PJ, que apanhou os indícios de subornos a Rangel quando investigava José Veiga no caso Rota do Atlântico.

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Enfermeiros receiam nova requisição civil

Enfermeiros receiam nova requisição civil

Hospitais são acusados de estar a agendar cirurgias a mais.

56% das operações previstas em nove dias não foram realizadas

Inês Schreek ines@jn.pt

Saúde O advogado que representa o Sindicato Democrát…

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Maria José Morgado prepara acusação a Rangel e Vieira

Maria José Morgado prepara acusação a Rangel e Vieira

Procuradora chega ao Supremo com uma prioridade: acabar inquérito com urgência e levar a julgamento toda a teia de corrupção e tráfico de influências em torno do juiz.

Dois pesos pesados do Min…

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Hoje nas notícias: Fidelidade, regionalização e IVA

Hoje nas notícias: Fidelidade, regionalização e IVA

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

As Ilhas Caimão, conhecidas como um paraíso fiscal, servem também como sede para os novos proprie…

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Tensions high as Spain starts trial of Catalan separatists

Tensions high as Spain starts trial of Catalan separatists

MADRID (Reuters) – Twelve Catalan secessionist leaders go on trial in Spain’s high court on Tuesday, charged for their role in a failed independence bid 16 months ago that deeply divided the…

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Descentralizar ou regionalizar?

Descentralizar ou regionalizar?
“O homem é do tamanho do seu sonho” (Fernando Pessoa)
No final do primeiro prazo concedido aos municípios para se pronunciarem sobre o processo de transferência de competências do Estado para as autarquias locais, o PS congratulou-se pela “adesão de mais de uma centena de municípios ao processo de descentralização”, desvalorizando o facto de muitos dos 308 municípios do país terem ficado de fora.

Os socialistas lembraram, a propósito, que o governo se havia comprometido “com o reforço da autonomia do poder local, as suas competências e os meios financeiros disponíveis para o efeito, bem assim como com o cumprimento da Lei das Finanças Locais e a aproximação aos níveis europeus da participação nas receitas do estado por parte das autarquias”. O PS entendeu, por isso, dever congratularse “com a assunção dos compromissos assumidos”, manifestando a sua convicção de “que desta forma conseguiremos um melhor serviço às populações”.

Não creio que seja oportuno aprofundar agora esta temática, e o momento não será conveniente, além do mais, porque se encontra em funções a Comissão Independente para a Descentralização, órgão que tem um mandato até 31 de julho para pensar o tema e, naturalmente, apresentar propostas concretas. Mas tal não impede que troque dois dedos de conversa com os leitores sobre o assunto.

O governo manifestou, de facto, um claro propósito de reforçar a autonomia do poder local, tendo fixado o ano de 2021 como meta-limite para atingir esse objectivo. Até lá, o avanço far-se-á de uma forma gradual, em função das opções dos municípios: aqueles que aceitaram até final do mês passado, a transferência de competências ocorrerá já em 2019; os que vierem a anuir até 30 de junho, assumirão as competências em 2020; e, finalmente, os restantes serão obrigados a aceitar a transferência de competências em 2021.

Acontece que, para além da lentidão de um processo que já deveria ter tido desenvolvimentos práticos há longos anos, constata-se agora que o mesmo tem vindo a provocar forte agitação e até alguma rejeição, mesmo em autarquias lideradas por socialistas. Na base da contestação estará, sobretudo, a ausência de mapas financeiros que permitam conhecer as verbas que serão alocadas às autarquias em função do reforço de competências, embora seja de admitir a existência de um ou outro caso de oposição política ao processo de descentralização.

Na verdade, este processo de deslocação de competências para os municípios não foi acompanhado da informação sobre os recursos financeiros que lhes corresponderão, situação que, naturalmente, causa justificados receios aos autarcas. Acresce, por outro lado, que os atrasos na aprovação dos diplomas também vieram dar força aos argumentos daqueles que invocaram o facto de os documentos de gestão municipal já terem sido aprovados e estarem em vigor.

Ora, a realidade contrasta com as intenções, já que o documento subscrito em Abril passado pelo ministro Eduardo Cabrita e por Álvaro Amaro, em representação do Governo e do PSD, respectivamente, referia, com toda a clareza, que “simultaneamente será promovida a alteração das regras de financiamento local, de modo a que o financiamento das autarquias locais não só acompanhe o reforço das suas competências, mas permita convergir para a média europeia de participação na receita pública.”

Torna-se, portanto, imperioso acelerar o processo para tentar recuperar os atrasos sofridos, tanto mais que subsiste o compromisso de concluir esta reforma até final da actual sessão legislativa. Reforma que, conforme precisa o documento, é composta, “formal e politicamente, pela lei-quadro, complementada pelos decretos-lei sectoriais, pela revisão da lei das finanças locais e pelos 11 ‘envelopes’ financeiros associados a cada autarquia local, com identificação das verbas por área de competências”.

Não se pode dizer, contudo, que do ponto de vista da pacificação, isto é, da obtenção de consensos para executar esta reforma, o futuro se apresente desanuviado. Longe disso. Por um lado, porque se desconhecem, naturalmente, as conclusões a que chegarão os sete “sábios” que integram a tal Comissão Independente para a Descentralização, e, por outro, porque tem vindo a aumentar o número dos autarcas que se pronunciam contra esta descentralização, manifestando-se favoráveis à regionalização.

O que se conhece, de momento, são as declarações avulsas de diversos presidentes de câmara – ainda há dias alguns pronunciaram na Fundação Cupertino de Miranda, em Famalicão – contra esta centralização, “que não nos confere nem poder de decisão nem o respetivo envelope financeiro”, e a favor de uma “regionalização política” e não apenas administrativa.

É também pública a vocação regio- nalista de todos os membros da Comissão Independente, sendo certo que um deles, Alberto João Jardim, já rompeu o silêncio para afirmar, em entrevista ao Observador, que está em marcha uma “verdadeira regionalização”.

Se é verdade ou mentira só se saberá, na melhor das hipóteses, mais para o final de Março, altura para a qual está prevista uma primeira comunicação oficial de João Cravinho, presidente da Comissão. Para já, parece existir um autêntico voto de silêncio, comprovado, aliás, pelo facto de as palavras de Jardim não terem merecido qualquer comentário dos seus pares.

Resta-nos, pois, aguardar, com a certeza, conforme também sublinhou Jardim, de que existe na sociedade e na política em geral “muita oposição, mais por preconceito e por medo, do que por outra coisa”.

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