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Nasce uma Igreja por mês em Portugal
Em 15 anos, foram registadas 853 confissões religiosas. 97 surgiram nos últimos cinco anosP22e23
RAQUEL ALBUQUERQUE
Qualquer pessoa pode ter um culto religioso sem precisar de autorização do Estado português. A liberdade religiosa é isso mesmo. Mas se uma Igreja, qualquer que seja a sua confissão, quiser ter um número de contribuinte e aceder aos benefícios previstos por lei, tem de se registar. Segundo dados do Ministério da Justiça, numa década e meia, foram admitidos 853 grupos religiosos pelo Instituto de Registos e Notariado (IRN). Só nos últimos cinco anos foram registadas 97 novas Igrejas, numa média superior a uma por mês.
“A diversificação religiosa está a fazer o seu caminho em Portugal. Mas não devemos olhar para este número de registos como sinal de grande diversidade porque cerca de 90% são Igrejas evangélicas”, explica Alfredo Teixeira, professor da Universidade Católica e autor de vários estudos sobre a evolução das identidades religiosas em Portugal. “Estas Igrejas têm uma natureza celular autónoma, não se organizam a partir de qualquer regulação central, regional ou nacional. Ou seja, cada comunidade existente num lugar procura registar-se para aceder ao estatuto que a lei confere”, diz.
É ao Registo de Pessoas Coletivas Religiosas (RPCR) que cabe analisar e aceitar os pedidos de inscrição de novas Igrejas. Gerido pelo IRN e tutelado pelo Ministério da Justiça, o registo foi criado em 2003, dois anos depois da entrada em vigor da Lei da Liberdade Religiosa. Os dados mostram um pico de registos na fase inicial — nos cinco primeiros anos foram admitidas 545 novas Igrejas. Depois disso, os números foram descendo (ver gráfico).
“A evolução das confissões religiosas em Portugal tem sido semelhante à de outros países”, aponta José Vera Jardim, presidente da Comissão da Liberdade Religiosa, iniciada em 2001 e à qual o IRN pede entre três e quatro pareceres por mês. “Tem havido um movimento visível de Igrejas de raiz evangélica neopentecostal e outras, de raiz africana ou afro-brasileira, que têm procurado registar-se em Portugal. Não estamos a falar de milhares de Igrejas, mas de milhares de pessoas.”
Os especialistas sabem que os evangélicos duplicaram em Portugal nos anos 90 e que continuam a aumentar, que os mórmones ganham novos membros todos os anos e que já há quase tantos budistas como muçulmanos na Grande Lisboa. Mas admitem ser difícil traçar um retrato rigoroso do panorama religioso a nível nacional e quantificar em concreto o crescimento ou declínio das diferentes comunidades. Têm como certa, no entanto, a contínua diminuição do número de católicos em Portugal, que celebram em Fátima, esta segunda-feira, dia 13 de maio, a aparição de Nossa Senhora.
700 novos mórmones por ano
“Portugal foi e ainda é um país de maioria católica, dos mais estáveis na Europa a esse nível”, aponta Helena Vilaça, socióloga e professora da Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
Mas a sociedade transformou-se nas últimas décadas. “Houve uma ‘destradicionalização’, que incluiu uma perda de relevância da religião católica em termos demográficos. Esse processo passou por um abandono de práticas, com uma erosão do universo católico e a sua remodelação. Afastámo-nos do país 90% católico para um país cerca de 80% católico”, aponta Alfredo Teixeira, também membro da Comissão da Liberdade Religiosa.
Em zonas urbanas, essa perda é ainda mais acentuada, como o investigador percebeu no estudo que coordenou na Área Metropolitana de Lisboa, publicado em 2018 e promovido pela Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS).
“Em Lisboa, os católicos já não chegam aos 55% e isso pode ser uma tendência, mesmo que com proporções diferentes noutras zonas do país.”
“Além do processo de distanciamento dos jovens em relação à religião, sobretudo católica, em parte por deixarem de se identificar com o discurso, a mudança radical no panorama religioso português deve-se à entrada maciça de imigrantes, sobretudo a partir dos anos 80”, diz Donizete Rodrigues, professor na Universidade da Beira Interior.
A mudança começa ainda com o regresso dos portugueses vindos das ex-colónias, após o 25 de abril. Alguns eram protestantes ou evangélicos, outros eram muçulmanos. O movimento islâmico em Lisboa constitui-se inicialmente a partir dos muçulmanos de origem indiana que viviam em Moçambique. Só mais tarde se juntaram imigrantes de outros países, como o Paquistão ou Bangladesh, constituindo agora 0,8% da população de Lisboa.
É também em 1974 que chegam os hindus e os mórmones. “A maior parte dos nossos missionários veio do Brasil e foi útil já conhecerem os finais das telenovelas que estavam então a passar cá. Quando os portugueses lhes pediam que contassem, eles diziam: ‘Conto-lhe se me receber em casa na próxima semana'”, conta Joaquim Moreira, representante da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias em Portugal e Cabo Verde, conhecidos como mórmones. “Tivemos uma grande adesão entre as famílias de retornados, que foram o forte alicerce da nossa integração.” Segundo as suas estatísticas, há 45 mil mórmones no país e todos os anos ganham 700 novos membros. Neste verão, irão estrear o novo templo no Parque das Nações.
Após a entrada de Portugal na União Europeia, as décadas de 80 e 90 trazem imigrantes de Leste, como ucranianos, romenos ou russos, que são sobretudo cristãos ortodoxos. “Mas um dos fenómenos de diversidade mais interessantes em Portugal foi o impacto que os imigrantes brasileiros tiveram no crescimento das Igrejas evangélicas.
Hoje, 5% dos residentes em Lisboa são evangélicos e no Algarve serão ainda mais”, diz Helena Vilaça.
A nova Surf Church
Com a chegada dos brasileiros a Portugal, sobretudo entre 1985 e 1995, as Igrejas evangélicas também se instalam e começam a tentar converter os nacionais. “Captam sobretudo pessoas de terceira idade, reformados, com escolaridade baixa e mais frágeis do ponto de vista social, incluindo imigrantes com carências económicas. Prometem ajuda para encontrar trabalho e baseiam-se num sistema de apoio social que faz as pessoas sentirem-se mais acolhidas”, explica Donizete Rodrigues. “Este é um movimento muito difícil de quantificar porque há um número elevado de imigrantes ilegais e muitas destas Igrejas não chegam a registar-se.”
A partir de 2008, com a descida do número de brasileiros em Portugal, o número de evangélicos diminuiu.
“Além da queda de fiéis, houve também um reagrupamentos de Igrejas, que durante muito tempo funcionavam em garagens ou ‘vãos de escada’. Sobretudo a partir de 2014, voltámos novamente a uma dinâmica de crescimento, com espaços melhores e mais ligações ao meio social e também político, através do poder local”, afirma António Calaim, presidente da Aliança Evangélica, que não inclui movimentos neopentecostais como a IURD (Igreja Universal do Reino de Deus) ou a Igreja Maná.
Outras Igrejas evangélicas, mais urbanas e compostas sobretudo por jovens e adolescentes, como é o caso da Surf Church, em Matosinhos, têm ‘animado’ este universo. “São cultos informais, ligados ao desporto e às artes, com a mesma mensagem doutrinária.
A forma como acolhem as pessoas e a presença nas redes sociais faz com que estejam muito mais adaptadas à realidade atual”, aponta Helena Vilaça.
Paulo Mendes Pinto, coordenador de Ciência das Religiões da Universidade Lusófona, vê dois fenómenos paralelos no panorama português. “Por um lado, há um crescimento consolidado de grupos religiosos estruturados, hierarquizados e conservadores, sejam evangélicos, mórmones, alguns grupos católicos ou até a conversão de portugueses ao islão. Por outro lado, crescem os crentes sem religião, que é uma realidade complexa.”
Sem religião, mas crentes
Em Lisboa, tido como o “laboratório” da diversidade, 35% das pessoas assumem-se como não tendo religião. Mas, entre elas, 13% consideram-se crentes.
“Acho que a busca pela religião não diminuiu, até se calhar aumentou, mas mudou de forma. É mais individualista, sem querer responder perante nenhuma instituição. É uma espiritualidade que perdeu ligação à religiosidade mais institucional. A resposta espiritual que as pessoas deixaram de encontrar, por exemplo, nas paróquias, foram procurar nas Igrejas evangélicas e em filosofias orientais, como o budismo, hinduísmo ou ioga, que têm crescido”, conclui o professor.
Helena Vilaça também sublinha o fenómeno “muito recente” dos budistas, que já representam 0,7% em Lisboa.
“Pela natureza da própria religião, as ideias em causa enquadram-se na sociedade atual e numa busca mais individual. E este caso não é um fenómeno de imigração, mas sim de conversão.”
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