09/07/2023 | Imprensa, Notícias do dia
Forças Armadas alvo de ataque pirata “maciço”
REDES INFORMÁTICAS Tentativa de obtenção de credenciais de acesso no EMGFA para retirada de informação classificada ? GOLPE Ação ocorrida há três semanas “não teve sucesso”, assegura fonte oficial. Ataques são diários, refere a instituição
•A rede informática do Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA) foi, há três semanas, alvo de um “ataque maciço [de piratas informáticos] na tentativa de obtenção de credenciais de acesso”, com as quais tentariam exfiltrar informação secreta, confirmou ao CM fonte oficial da instituição que, entre outras funções, coordena superiormente o empenhamento operacional dos três ramos militares. A mesma fonte assegura que esse ataque “não obteve sucesso”e “não existem registos de que tenha ocorrido exfiltração de informação”.
A proveniência do ataque é para já desconhecida publicamente. No entanto, na mesma altura em que as redes do EMGFA foram alvo, várias agências federais dos Estados Unidos foram também atingidas por ciberataques atribuídos a criminosos russos, explorando debilidades em programas de uso comum.
O EMGFA já foi antes alvo de tentativas e ataques consumados de piratas informáticos. Por isso, a estrutura liderada pelo general Nunes pondendo às tentativas de intrusão diárias, persistentes, que são tratadas de acordo com o seu grau de severidade”. “As tentativas de intrusão são diárias, tendo sido registado um aumento significativo na tentativa de obtenção de credenciais de acesso, há cerca de três semanas. Decorrente das tentativas de intrusão, foram reforçadas, conforme previsto nestas ocasiões, as medidas de segurança cibernéticas”, descreve a fonte oficial do EMGFA.
Embora não especifique que tipo de ataque foi alvo, os golpes para obtenção de credenciais costumam ser pelo método de ‘phishing’: emails fraudulentos que podem levar os recipientes incautos a inserirem os nomes de utilizador e senhas de acesso.•A acusação ao pirata informático surge a poucos dias de Rui Pinto conhecer a decisão do julgamento do processo ‘Football Leaks’, no qual responde por 90 crimes: 68 de acesso indevido, 14 de violação de correspondência, seis de acesso ilegítimo, visando entidades como o Sporting, a Doyen ea Procuradoria-Geral da República, e ainda por sabotagem informática à SAD do Sporting e por extorsão, na forma tentada.
E TAMBÉM
10,5
M em concurso do EMGFA de Formação e Consultoria em Ciberdefesa
da Fonseca (CEMGFA) garante que “monitoriza de forma permanente a segurança da sua rede, protegendo e res-
FORÇA AÉREA SEM INTRUSÃO Imagens que correm entre militares nas redes sociais, com mensagens jocosas na página principal do que aparentava ser o site institucional da Força Aérea, terão sido realizadas utilizando um site espelho. Ou seja, não houve intrusão em www.emfa.pt, mas a capa foi copiada para um site pirata e aí alterada.
COCiber O EMGFA tem na nova estrutura um Comando de Operações de Ciberdefesa (COCiber), no Comando Conjunto para as Operações Militares.
ÓRGÃO CIBERDEFESA
O COCiber depende do Centro de Comunicações e Informação, Ciberespaço e Espaço, que é o órgão de ciberdefesa das Forças Armadas, garantindo “proteção e resiliência” da infraestrutura do EMGFA e do MDN.
INVESTIGAÇÃO AVISO Questionado se comunicou a tentativa de acesso às autoridades, o EMGFA responde que “averigua, de forma permanente, todos os indícios de potencial quebra de segurança informática. Essas ações ocorrem em estreita coordenação com as entidades nacionais responsáveis pela cibersegurança”.
SITE ESTÁ OPERACIONAL “O site institucional do EMGFA encontra-se operacional, não existindo registo de que o mesmo tenha estado em baixo. Contudo, existem ações de manutenção planeadas que implicam a indisponibilidade de serviços por curtos períodos, dificultando, por vezes, o seu acesso”, afirma.
DEFESA ESCOLA O EMGFA tem na orgânica previstas “Equipas de Resposta a Emergências de Cibersegurança dos ramos e do Ministério da Defesa Nacional”, estando a promover uma Escola de Ciberdefesaprojeto que está atrasado. Esta semana lançou um concurso de 10,5 milhões  para “Serviços de Formação e Consultoria em Ciberdefesa”.
Marinha também alvo de um ataque
• A Marinha também foi, há cerca de três semanas, alvo de um ataque, no mínimo tentado, que a obrigou a desligar várias redes e sistemas, o que causou algum impacto na sua operação diária. O ramo não respondeu ao pedido de informações do CM, seguindo a sua política de não comentar matéria operacional.
Coordenadora do ‘Apito Dourado’ na mira de Rui Pinto
Paulo João Santos • Maria José Morgado, antiga procuradora-geral distrital de Lisboa, que coordenou a investigação de casos como o ‘Apito Dourado’, foi um dos alvos de Rui Pinto. Também acedeu a contas de correio eletrónico da PSP, nomeadamente do chefe de brigada de investigação e fiscalização de armas e explosivos, e da secretaria-geral do Ministério da Administração Interna. Nada escapou ao pirata informático. Clubes de futebol, sobretudo o Benfica, Liga, empresas, advogados, juízes, procuradores, funcionários judiciais, Autoridade Tributária, jornalistas do CM e ‘Record’. Até a Igreja Universal do Reino de Deus, de acordo com o despacho de acusação do Ministério Público.
Em causa, 202 crimes de acesso ilegítimo, 134 de violação de correspondência, 23 de violação de correspondên-
PIRATA TAMBÉM ATACOU CONTAS DA AUTORIDADE TRIBUTÁRIA EDE INVESTIGADORES DA PSP
cia agravado e 18 de dano agravado, num total de 377 crimes. “Pelo menos no período compreendido entre 11 de setembro de 2016 e 16 de janeiro de 2019, o arguido Rui Pinto formulou o propósito de aceder a sistemas informáticos e de correio eletrónico,
Real Madrid e Barcelona na lista
• A acusação realça ainda os indícios de acesso informático a clubes e instituições estrangeiras, como Atlético de Madrid, AS Mónaco, Villarreal, Shakhtar Donetsk, FC Barcelona, Man. City, Real Madrid, Inter Milão, Juventus, Ajax, FIFA, UEFA, Landscape, Sable, Grupo Fosun, King and Wood Mallesons, Rui-Huerta& Crespo Abogados. Por isso, considerando que “a dispersão a nível mundial de entidades afetadas é de tal ordem vasta”, o MP decretou a transmissão da informação recolhida através da Eurojust.
pertencentes a entidades públicas e privadas portuguesas e estrangeiras, designadamente, associadas a atividade conexa com o futebol ou justiça, com vista a daí extrair informação sobre clubes de futebol e outras temáticas que surtissem exposição pública”, lê-se na acusação.
Para tal, Rui Pinto muniu-se de conhecimentos técnicos e de equipamento adequados, que lhe permitiram aceder, “de forma não autorizada, a tais sistemas informáticos e caixas de correio eletrónico de terceiros”.
A acusação, assinada pela procuradora Vera Camacho, faz questão de notar que Rui Pinto sabia que lhe era vedado o acesso a tais dados.
Chamadas a depor 138 testemunhas
• Vão ser chamadas a depor, pela acusação, 138 testemunhas, incluindo Cristiano Ronaldo, uma das vítimas. “Considerando o elevado número de ofendidos (…) mostra-se necessário (…) ultrapassar o limite de 20 testemunhas”, justifica o MP. Rui Pinto também acedeu a documentos contendo dados identificativos de terceiros, como nome, morada, contactos telefónicos, números bancários e número de cartão de cidadão.
Acusado noutro processo
Ataque foi acompanhado General Nunes da Fonseca é o chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas
Cartaxo Alves
Chefe da Força Aérea
Almirante Gouveia e Melo
Mundo do futebol atacado
Ronaldo é uma testemunha
‘Pirata’julgado em Lisboa