14/11/2022 | Imprensa, Notícias do dia
Antigo presidente do PSD listou, no seu espaço habitual de comentário na SIC Notícias, “seis das polémicas mais cáusticas ao longo destes meses”.
L uís Marques Mendes, antigo presidente do PSD e comentador político, aproveitou o seu espaço de comentário habitual na SIC Notícias, durante a noite de domingo, para, entre outros temas, listar ” seis das polémicas mais cáusticas ao longo destes meses “.
Depois de abordar o polémico caso de Miguel Alves, o Secretário de Estado Adjunto de António Costa que foi ‘apanhado’ na Operação Teia, e que acabou por se demitir do cargo, Marques Mendes passou em revista várias polémicas que têm marcado o Governo socialista que tomou posse há oito meses .
Entre as várias situações polémicas que têm marcado a administração de António Costa, Marques Mendes destacou seis: a desautorização do primeiro-ministro ao ministro das Infraestruturas, no verão, relativamente ao aeroporto de Lisboa; a contratação polémica de um “consultor especial” por parte do ministro das Finanças; a ‘luta’ entre a ministra da Agricultura e a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP); o caos nas urgências hospitalares do país que deu origem à demissão da ministra da Saúde; a desautorização do ministro da Economia em matéria de IRC e, agora, a demissão de Miguel Alves, “que nem teve tempo de aquecer o lugar”.
” Isto não é normal . Tanta polémica, e tão séria, não por iniciativa da oposição mas sim do próprio Governo, em tão pouco tempo, não é normal”, vaticinou Marques Mendes, para quem, as mesmas se devem a um “ciclo governativo já longo”. ” Muito tempo no poder, normalmente, dá nisto “, argumentou, comparando o atual estado governativo ao fim do ‘cavaquismo’ e do ‘guterrismo’. ” É o cansaço a funcionar, e isto depois dá casos, desgraça e divórcio com a sociedade “, continuou Marques Mendes, considerando ainda tratar-se dos “excessos das maiorias absolutas”, que dão uma ” ideia de imunidade “.
O antigo presidente do PSD acusou ainda um fator “humano, normal e natural”: António Costa não tem hoje “a mesma frescura, energia e capacidade de liderança que tinha no início “. Novamente, Marques Mendes comparou a situação atual ao fim dos governos de Cavaco Silva e de António Guterres.
Apesar das críticas, e da ‘listagem’ das seis polémicas mais marcantes dos últimos oito meses de Governo, Marques Mendes esclarece: o Executivo não deverá, no entanto, cair tão cedo .
No mesmo espaço de comentário, Marques Mendes abordou também outros temas da atualidade, como o primeiro discurso de Paulo Raimundo como secretário-geral do PCP, a polémica na banca e, em maior detalhe, a demissão de Miguel Alves .
Veja abaixo cada uma das seis polémicas em detalhe.
O polémico aeroporto
Marques Mendes coloca no início da lista a polémica entre o ministro das Infraestruturas e o primeiro-ministro, relativamente ao novo aeroporto de Lisboa. Em junho, Pedro Nuno Santos publicou um despacho que definia uma nova solução para o imbróglio em torno da infraestrutura aeroportuária que vem sendo debatida há longos anos. António Costa acabou por desautorizar o ministro, revogando o despacho no dia seguinte à sua publicação. Chegou a falar-se de uma eventual demissão de Pedro Nuno Santos, mas os ânimos entre o ministro e António Costa acabaram por ‘arrefecer’ .
O “consultor especial”
Seguiu-se a controversa contratação de Sérgio Figueiredo, antigo diretor de informação da TVI, para consultor do ministro das Finanças. A decisão de Fernando Medina levantou ondas de polémica, por várias razões: primeiro, porque Figueiredo iria auferir um ordenado de cerca de seis mil euros por mês, maior do que o do ministro das Finanças e, principalmente, porque Medina e Figueiredo tinham já trabalhado juntos previamente, quando o então diretor de informação da estação de Queluz contratou o atual ministro para dar comentário político. Mais, no passado, quando Medina era presidente da Câmara Municipal de Lisboa, a autarquia contratou Figueiredo e a namorada para realizar um vídeo promocional, no valor de 13 mil euros.
Ministra vs CAP
Apesar de ter passado ligeiramente ao lado dos radares, a polémica entre a ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, e a CAP , foi um dos casos mais marcantes dos últimos oito meses de governação socialista. “É melhor perguntar porque é que durante a campanha eleitoral a própria CAP aconselhou os eleitores a não votar no Partido Socialista”, atacou a ministra a 10 de agosto, quando questionada sobre as criticas da CAP à alegada inexistência de resposta do Governo para mitigar o impacto da seca no setor da produção e da alimentação animal.
A demissão de Marta Temido
A ex-ministra da Saúde, Marta Temido, foi a cara da resposta do Governo à pandemia da Covid-19, conseguindo sobreviver a esse período tumultuoso sem polémicas que a obrigassem a abandonar o cargo. De seguida, no entanto, e uma vez findada a crise da pandemia, seguiu-se, em Portugal, uma outra crise: o fecho de várias urgências hospitalares por todo o país, que culminou com a morte de uma grávida que foi transferida do Hospital Santa Maria por falta de vagas na neonatologia.
Seguiu-se, então, a demissão de Marta Temido , acabando o seu lugar por ser ocupado por Manuel Pizarro.
‘Eu é que sei’: a desautorização de António Costa Silva
O Executivo socialista que tomou posse há oito meses já foi marcado por mais do que um caso de ‘desautorizações’. Primeiro, entre António Costa e Pedro Nuno Santos e, alguns meses depois, entre o ministro da Economia e o ministro das Finanças. O ministro da Economia considerou ser favorável uma descida transversal do IRC , considerando até que seria “benéfica”. Em resposta, no entanto, o ministro das Finanças preferiu remeter para as negociações com os parceiros sociais que decorriam. “Não me parece adequado nesta fase em que decorrem negociações com os parceiros sociais estar a antecipar esta ou aquela posição sobre esta ou aquela matéria concreta”, afirmou. O Executivo, tal como se encontra no programa do XXIII Governo, propôs aos parceiros sociais uma redução seletiva do IRC.
Não só Medina desautorizou Costa Silva, no entanto. O seu próprio secretário de Estado Adjunto criticou: “Dizer que vamos agir em IRC para resolver um problema de curtíssimo prazo é um erro”.
A demissão de Miguel Alves
Marques Mendes incluiu na lista das seis polémicas mais marcantes deste Executivo a recente demissão de Miguel Alves, Secretário de Estado Adjunto de António Costa, depois de ter sido constituído arguido na Operação Teia. Miguel Alves, que se demitiu também da liderança do PS de Viana do Castelo, é acusado do crime de prevaricação pelo Ministério Público.
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