Vergonha e falta dela!

Eduardo Oliveira Silva

RÉDEA SOLTA

Vergonha é ter de explicar a um estrangeiro que estamos novamente a braços com uma crise política baseada em alegadas negociatas.

1. O que envergonha mesmo é um português receber uma chamada de um amigo estrangeiro…

“Estão a querer assustar-nos”: polícia já efetuou 30 detenções entre os ativistas da Greve Climática Estudantil no último ano

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“Estão a querer assustar-nos”: polícia já efetuou 30 detenções entre os ativistas da Greve Climática Estudantil no último ano

Seis ativistas climáticos foram detidos na última noite por tentarem pernoitar na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) da Universidade Nova. Autoridades reforçam atuação e detêm jovens que se manifestam em escolas e noutros locais para chamar a atenção para a emergência climática. Total de multas aplicadas ultrapassa dois mil euros

Carla Tomás

Jornalista

Seis ativistas climáticos foram detidos na última noite por tentarem pernoitar na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) da Universidade Nova. Autoridades reforçam atuação e detêm jovens que se manifestam em escolas e noutros locais para chamar a atenção para a emergência climática. Total de multas aplicadas ultrapassa dois mil euros

A polícia de segurança pública ( PSP) foi chamada a cinco escolas esta segunda-feira , no primeiro dia da nova onda de ocupações pelo “Fim ao Fóssil”, organizadas pelo movimento Greve Climática Estudantil (GCE).

Na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) da Universidade Nova, a ação policial começou à 1h da manhã, quando elementos da PSP retiraram desta faculdade seis ativistas que tentavam pernoitar naquela instituição e levaram-nas para a esquadra, onde passaram a noite. Na tarde desta terça-feira foram ouvidas por um magistrado do Ministério Público no Campus de Justiça, em Lisboa, e o julgamento foi marcado para 4 de dezembro.

Desde que as ações disruptivas encetadas pela Greve Climática Estudantil começaram em novembro de 2022, já houve pelo menos 30 detenções relacionadas com ocupações de escolas e de ministérios e com o atirar de tinta ao ministro das Finanças. E isto sem contar com as detenções de ativistas do movimento Climáximo, que cortaram várias ruas e estradas, atiraram tinta a um quadro de Picasso no CCB e partiram o vidro de uma loja da Gucci, em Lisboa, só no passado mês de outubro.

€2000 em multa para ativistas que ocuparam FLUL

As primeiras detenções de ativistas da Greve Climática Estudantil acontecerem há cerca de um ano: quatro estudantes que pernoitavam na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, a 11 de novembro de 2022, acabaram acusados por desobediência civil e condenados a uma multa de €295 cada, mais as custas de tribunal de €200 para cada um, o que somou quase €2000, diz a GCE.

Quatro dias depois, as autoridades detiveram cinco jovens (duas delas, menores na altura) que se colaram à entrada do Ministério da Economia, exigindo a demissão do ministro António Costa Silva, acusando-o de estar ligado aos negócios da indústria fóssil. O processo acabou arquivado, as jovens comprometeram-se a não participar em novas ações do género num prazo determinado.

Já este ano, as ações disruptivas da GCE começaram a 14 de setembro de 2023 com a tentativa de bloqueio ao conselho de ministros, em Algés, que levou a PSP a deter 17 pessoas que acabaram por ser constituídas arguidas por desobediência .

No dia seguinte, durante uma manifestação de solidariedade em frente ao Ministério Público de Oeiras, outra ativista acabou também na esquadra por tentar filmar a ação no passeio oposto. Foi a primeira a ser levada perante um juiz, uma semana depois, e foi acusada de desobediência e condenada a pagar uma multa de €250, da qual a GCE irá recorrer.

O atirar de tinta verde ao ministro das Finanças, Fernando Medina, a 20 de outubro, durante uma palestra deste na Faculdade de Direito, levou à detenção de seis ativistas. Acabaram constituídas arguidas por alegada resistência ou coação a funcionário. Também já foram chamadas ao Ministério Público, mas a audiência foi adiada devido à greve dos funcionários dos tribunais.

“A intenção é assustarem-nos”

“Tivemos outros processos que não chegaram a tribunal ou em que as pessoas foram absolvidas”, conta ao Expresso Catarina Bio, uma das porta-vozes do movimento. “A atuação policial e judicial tem vindo a ser reforçada com a intenção de nos assustarem” , argumenta a estudante de direito, que também já participou em várias ações, entre as quais o arremesso de um balão de tinta verde ao ministro do Ambiente Duarte Cordeiro há pouco mais de um mês.

Já Beatriz Xavier, porta-voz da ocupação da FCSH, diz que as detenções da última madrugada nesta faculdade acabaram por causar um atropelamento na Avenida de Berna. “Um dos carros da polícia com uma ativista dentro atropelou um peão e os dois, ativista e peão, tiveram de ser assistidos pelo INEM.” A jovem estudante de Sociologia diz-se indignada com as detenções durante uma manifestação pacífica e lamenta que “a faculdade que celebra Salgueiro Maia com um mural venha reprimir a luta dos estudantes”. E reforça: “De que serve louvar as lutas do passado se depois chamam a polícia para silenciar as do presente?”

Mais protestos

A nova onda de protestos pelo fim aos combustíveis fósseis e eletricidade 100% renovável até 2025 arrancou em 10 escolas esta segunda-feira e vai prolongar-se até 24 de novembro. Dizem que só páram quando “o governo se comprometer com um plano que garanta uma transição justa dentro dos prazos ditados pela ciência e através de um serviço público de energias renováveis”.

Além da FCSH, aderiram às ocupações alunos das faculdades de Psicologia, Letras, Ciências e Belas Artes da Universidade de Lisboa, assim como do ISCTE, da Universidade de Coimbra e da Escola Superior de Tecnologias da Comunicação e ainda da escola secundária Filipa de Lencastre. Mas nesta última “os estudantes foram impedidos de entrar na sua própria escola durante o dia, tendo feito um protesto na entrada”, indica a porta-voz da GCE.

Já na dizem que a polícia foi chamada para parar uma palestra sobre ciência climática e ameaçou de detenção a ativista que falava perante uma audiência de 40 estudantes. Segundo a GCE, . ?